sexta-feira, 13 de julho de 2018



...Praia...






Não há dúvida...isto anda tudo baralhado...Férias em meados de Julho significava dias de muito calor, mergulhos em àguas de temperatura agradável...praia de manhã à noite....Agora temos temperaturas que dificilmente passam os 24 graus...àguas geladinhas...e a praia...bem...o vento provoca frio que torna tudo mais desagradável.


Há uns anos atrás eu ficaria muito aborrecida por isso...agora, não me importo nem um bocadinho .Com os anos a passarem por nós as férias adquirem outro significado. O descanso é a palavra principal em tudo isto. O" não ter horários", ler um livro...dormir..são imperativos para umas ferias que se prezem.


Não prescindo, enquanto me fôr permitido, de ter o mar ao pé...de ouvir as gaivotas logo pela manhã...o cheiro a maresia...a imensidão de todo aquele azul, que eu adoro.


Quando os miúdos eram pequenos, havia que aproveitar a praia ao máximo..."os meninos precisam " ...e em pequenos chegavam a ter quase 4 meses de praia, quando vivíamos perto do mar. Dava até para irmos à praia depois da saída dos empregos...e ficarmos lá até à "hora das gaivotas"...quando os humanos vão embora e elas veêm à procura dos restinhos dos lanches que por lá deixaram. .A essa hora tudo era muito mais calmo...e a àgua tinha, muitas vezes ,a temperatura ideal. Para sairmos com os miúdos, levávamos um monte de coisas, que se transformariam em montes de areia pela casa fora.


Hoje, quando vejo os pais de crianças pequenas a irem para a praia, sorrio ao pensar na trabalheira que terão no "after-beach"...e a minha vontade é dizer-lhes "Aproveitem bem...um dia terão saudades de toda essa canseira..." . E como eu sei disso....Lembro da minha impaciência, quando os miúdos perguntavam "tens alguma coisa para se comer?" e ainda mal tínhamos chegado à praia...e até nisso me revejo nos pais que vejo hoje.


Agora posso me dar ao luxo de simplesmente estar sentada a olhar para o mar, ao mesmo tempo que vou devorando um livro que esperou um ano para ser lido...e ouço os pais a chamarem os "enfants"...fazendo um barulho imenso...e os ingleses e o seu bronzeado "cor-de-rosa" que insistem em "melhorar" tisnando a pobre pele já escaldada.


Em pequena as férias eram sinónimo de mais uns dias em casa, para "variar"...em Santarém onde o calor era insuportável, e parecia que via a poeira pelo ar como em qualquer filme do faroeste...Depois em Aveiro, onde a praia era tão perto, mas para uma família numerosa a praia era longe...até porque o meu pai nunca teve carro...Mas eram verões mais fresquinhos. Divertia-me imenso, quando tinha que sair para fazer algum recado à mãe, e pelo caminho encontrava turistas meios confusos a olhar para os mapas e acabavam por perguntar onde ficava isto e aquilo, e lá respondia eu no meu inglês muito primário, mas já muito eficaz.


Em cada local que vou...encontro sempre memórias de há anos passados. Faz me sentir aquela nostalgia normal...mas leva me sempre a pensar no que poderia ter feito de melhor...Devia ter aproveitado melhor cada momento, em vez de ter a pressa de chegar mais além.


Se estes meus escritos não servirem para mais nada, então que sirvam para lembrar a cada um que lê, que a vida passa tão rápido, e que cada momento deve ser acarinhado e vivido com a mesma intensidade  como se soubéssemos que partiríamos amanhã.

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