As avós
Nunca conheci bem os meus avós.
Ouvi histórias dos avós paternos...gente de Lisboa...mas nunca os vi. Quando nasci já tinham falecido e eu só herdei o nome da avó. (Ainda bem que não se chamava Genoveva :) ) Dizem que ela era muito rígida, pouco dada a graçolas...mau feitio (acho eu)....O avô com um nome esquisito, tinha o seu quê de inventor, mas nunca com muito sucesso.
Os avós maternos, ainda os conheci...muito pouco. Lembro me da avó pequenina e do avô muito grande...um casal improvável em termos de altura. Eram pessoas do campo, gente de trabalho, que quando iam a nossa casa lembro me que traziam (entre outras coisas) pinhões dentro de saquinhos de pano.Apesar de não os ter conhecido bem, e de me recordar de pouco mais que isto, quando penso neles sinto assim um aconchego que não sei explicar.
A ideia de ter uma avó "daquelas dos filmes", sempre bem penteada e a cheirar a lavanda, a preparar bolos e sumo de laranjas para o lanche, sempre bem disposta e cheia de vontade de receber os amigos dos netinhos...nunca tive...acho que é mesmo só nos filmes.
Quando tive os filhotes, achei que "avós" era assim uma coisa que lhes fazia muita falta. Mas fui morar para longe dos que existiam.
A mãe ainda ficou alguns dias comigo quando a mais velha nasceu. Após 9 filhos e uma mão cheia de netos, dizia ela nunca lhe ter passado pelas mãos uma que chorasse tanto...pois não ( e eu que o diga)...Mas os dias passaram e ela foi embora. Apesar de não saber ler, contava histórias como ninguém. Pegava num livro apontava para os bonecos e "lia"...e os meninos paravam e ouviam sempre na expectativa do final da história. Cantava canções...tinha uma paciência que nunca teve para os filhos...porque a vida era mais corrida e não havia tempo para "estas coisas". Saudades tuas,avó Rita.
Mas faziam falta...eu queria tanto que os meus filhos tivessem avós.
A mais velha foi mesmo uma privilegiada. Em vez de uma , teve duas avós emprestadas.
A avó Sara era uma senhora grande, bem disposta e com uma paciência de" Jó". Quando levávamos a filhota depois de almoço, era certinho que ia com a avó Sara ao café do bairro. A avó bebia café e a filhota distribuia sorrisos, a sua imagem de marca até hoje. Ainda hoje me lembro da imagem dessa avó com a filhota pela mão...a passar pelos vizinhos que a conheciam pelo nome e que faziam sorrir a avó Sara. Ao final da tarde quando a íamos buscar, lá estava ela toda feliz...e a avó ,impávida e serena, como se o barulho dos outros meninos, dos sobrinhos, da familia ao seu redor não existissem. Que saudades avó Sara...
E depois havia a avó Ilda...que tinha uma pequena quinta e que fazia as delícias da filhota, quando lhe punha um sacho pequenino na mão (feito de propósito para a menina) e lá iam abrir valas para a rega da horta. Quantas sestas a filhota dormiu numa rede de baloiço, embrulhada em mantinhas e embalada pelo vento...quanta comida alentejana ela comeu, sem birras, sem nada "passado"...E quando nasceu o filhote, também foi neto. E a quinta foi recreio para brincadeiras, para ver as galinhas...para saberem que os ovos vinham mesmo dali e não cresciam nas prateleiras dos supermercados.
Mãe é quem gera ? É quem ama ? é quem cria? E as avós ? quem são as avós ? São as que têm tempo para aconchegar...as que fazem as coisas ao ritmo dos passinhos pequeninos dos meninos, que podem esperar todo o tempo do mundo,
Que saudades , avós.
Tão bom ler... Obrigada, Elisa. Também tenho muitas saudades da minha avó.
ResponderExcluirAdorei.. saudades avo Tina (quem me criou) fazia amnha 96 anos ��❤ parabéns d Elisa amei o texto
ResponderExcluirLindo ❤
ResponderExcluirÉ verdade .. Que saudades dos meus queridos avós ... As minhas filhas fazem isto à minha mãe ... Ela esquece se do mundo,da panela mas não se esquece da comida preferida delas das pipocas de fazerem travessuras que até eu costumo dizer: tomem conta da avó porque ela é a mais criança das quatro 😂
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